15 setembro 2009

Stand Up Comedy - A "revolução" no humor nacional ?


O fenômeno stand up comedy é algo muito novo no Brasil. Deve ter coisa de uns 50 anos...(nem tanto para arrumar emprego, mas experimente morrer com 50 anos..."Coitado, morreu tão novo..."). O que irrita nessa nova onda é a cara de "somos revolucionários" dessa atual geração. A impressão que passa é que eles se acham os iluministas franceses perante as trevas da Praça é Nossa.

Não é bem assim.

A Praça (diferentemente do Zorra Total, o outro programa que abriga a velha guarda do humor nacional, mas os engessa completamente em textos previsíveis e bordões sem graça) dá uma liberdade para o artista (seja ele novo ou mais experiente) que acaba pondo em prova a real qualidade
do artista.

Ter atuado na "Praça" hoje seria o equivalente a receber um diploma de nível superior em humor. Já representou mais: quando Golias era vivo ter sua aprovação seria o equivalente ao doutorado. Para ficar em um único exemplo, eu lembro de Marcelo Médici, que certamente aprendeu muito e desenvolveu ainda mais o seu talento convivendo com o saudoso mestre...

Outro nome constantemente injustiçado quando se trata de humor é de Sérgio Mallandro. Durante a entrevista do humorista Felipe Xavier noprograma de rádio do Pânico, na Jovem Pan FM a azeda Amanda ( azeda sóno ar, pois pessoalmente é simpaticíssima) com ar de desdém falou que "até o Sérgio Mallandro estava fazendo stand up". Felizmente MarcosChiesa, o Bola, a corrigiu na hora e disse que ele já fazia isso "antes de ela ser um zigoto". Foi feliz ele...De fato, se pararmos para lembrar de suas intervenções no juri do Show de Calouros (anos 80, lembram?) , veríamos que ali estava um legítimo herdeiro da linhagem de humoristas que, no Brasil, talvez tenha sido iniciada por José Vasconcellos nos anos 60 do século passado.

O grande passo em falso da carreira do Sérgio Mallandro foi copiar o João Kleber (mas isso renderia outro post em outro dia...). Uma das principais características dessa nova onda é a impressão que os humoristas dessa nova geração ( entre eles muitos talentosos, não discuto isso...) se acham novaiorquinos só porque devem ter visto alguns DVDs com as temporadas completas do Seinfeld. Cresceram vendo Chaves e juram que sua influência é o Bob Hope...

Reconheço que posso estar sendo injusto nesse texto. É que um dos maiores expoentes da "cena stand up" atualmente é o Danilo Gentili, que, mesmo sendo brilhante (tanto no palco quanto no CQC) ganhou minha mais profunda antipatia por causa de seu comportamento de menino bobo no Twitter. Devo estar generalizando por causa dele. Peço desculpas.

Confira alguns comediantes de stand up que deram entrevistas ao Pimentas no Reino:

(Clique na imagem para assistir a entrevista)



2 comentários:

  1. ééééééé.... Zorra Total pode ser sem graça e td mais, mas tem uma audiência q ninguém explica!!! Povão adora essa porcaria!!! Incrível!!! O mesmo vale pro Casseta. Mas sei lá... opinião pessoal.

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  2. Uau! Falou em stand-up, mexeu no meu ganha-pão, então peraí, pára tudo!

    Gostei do texto, bem ponderado, bem argumentado, sem problema. Tá bem escrito pra caramba!

    Agora vamos aos fatos... acho bem babaca essa mania idiota de falar que stand-up começou no Brasil com José Vasconcelos, em mil novecentos-e-guaraná-com-rolha, na década de 60 e tal. Pra quê utilizar um termo gringo em algo que ele fazia de forma tão original com os recursos e a cultura da época??? Porra, quem fazia stand-up MESMO nessa época, e era processado, preso, condenado, humilhado e esculhambado de tudo quanto é jeito era o Lenny Bruce!

    Vamos contextualizar essa porra toda? O Danilo virou um "menino bobo" mesmo, tá super sem-graça nas entrevistas, mas ainda é dono de um dos textos mais geniais que eu já vi em termos de stand-up feito no Brasil. Isso é fato. Segue nessa lista, graças a um golpe muito feliz do destino, que uniu estes caras, o Oscar Filho e o Rafinha Bastos. Ok, não vamos falar mal desta "nova geração" não... só quem faz stand-up profissionalmente sabe o quanto isso é complicado, às vezes frustrante, deprimente, trabalhoso, e tudo o mais.

    Não tem necessidade NENHUMA também de "glamourizar" a dificuldade do stand-up. Faz stand-up quem tem coragem de se mostrar, quem tem (muito) o que falar e, sim, quem tem um "ódio no coração" que não foi trabalhado do jeito certo (com sexo, drogas, rock´n´ll, videogames, quadrinhos, biscoito Passatempo ou o que for). Beleza, mais um fato.

    Agora colocar num texto sobre "STAND-UP" comparações com a "A Praça É Nossa", "Casseta e Planeta", etc... vai me desculpar, mas isso aí já é demais! O Chico Anysio tem uma definição bem babaca também sobre o que é humor: "humor é o que é engraçado". Porra nenhuma. O que tem graça pra mim pode não ter graça pra você. E o stand-up SELECIONA esse público chato, inconformado, muitas vezes de maior poder aquisitivo, social e cultural. Pode ser considerada, ao mesmo tempo, uma arte "elitista" e "marginal", o que é uma combinação miserável pra quem quer viver disso onde não existe este mercado.

    Obviamente não são todos que entendem e nem precisam entender todas as "piadas". O stand-up seleciona seu público da mesma forma que quem vai assistir a um espetáculo de dança, vai sabendo mais ou menos o que vai encontrar lá e sabe que tem que ter SENSIBILIDADE pra coisa toda.

    Senão fica parecendo só um monte de gente com roupa colada, umas gostosas dando pulinhos e fazendo poses bizarras pra mostrar, sei lá, a "epistemologia contraditória na solidão metafórica da condição humana". O que é legal também, pra quem curte essas paradas.

    Só pra fechar, porque já falei demais... o standup prescinde sim, de uma certa "arrogância" por parte de quem o pratica (precisamos acreditar sempre que o que a gente vai falar, o público merece e "precisa" ouvir), não pode ser uma terapia de "desabafo" pura e simples, mas também prescinde de certa maturidade do público. Não é o "povão" que vai acompanhar o stand-up a longo prazo, salvo as exceções que fazem parte de qualquer regra.
    São os pseudo-intelectuais, os acadêmicos, os jovens que se IDENTIFICAM com a forma com que os temas são abordados, enfim... essa comparação de stand-up (que é uma arte feita exclusivamente pra apresentar para um público 'ao vivo', de cara limpa, sem usar figurino, maquiagem ou personagem) e a comparação com programas de humor na televisão... é a mesma coisa que comparar Mulher Melancia com Jean Paul Sartre. Os dois têm seus méritos, qualidades e, hã, "atributos"? CLARO! Mas em áreas e partes do corpo um pouquinho diferentes... é isso.

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