Clodovil, um cara "fora de série"!
Independente de suas opiniões, que particularmente concordo com muitas delas, foi uma pessoa que não tinha medo de viver, nem de morrer. Clodovil disse certa vez: "a morte não existe" . Realmente meu caro, tenho que concordar. Um ser tão especial e controverso quanto você nunca morre.
Clodovil era filho adotivo de um casal de espanhóis. Tornou-se conhecido, na década de 1960, como estilista de alta costura, rivalizando com Dener Pamplona de Abreu (1936-1978) a atenção para a primeira geração de importantes estilistas brasileiros.
Nos anos 70, ganhou o prêmio máximo no programa "8 ou 800?", apresentado pelo saudoso Paulo Gracindo, ao responder perguntas sobre a mineira de Araxá, Dona Beja. Foi o início de sua fama na TV.
Depois, o polêmico estilista começou a apresentar programas e passou por diversas emissoras, como Globo, Gazeta, Rede Mulher e Rede TV!. Em 2006, Clodovil decidiu ingressar na política e foi eleito deputado federal por São Paulo com 493.951 votos.
Quando eleito deputado federal, foi noticiado como um "erro" do povo. Um marco da ignorância popular. Mas, também pudera, um gay pintoso da TV na Camara?
Mas ele não deixou por menos, foi um político competente. Como Deputado federal de primeiro mandato, Clodovil Hernandes apresentou 17 projetos e uma PEC (proposta de emenda à Constituição) à Câmara dos deputados, desde que assumiu o mandato em fevereiro de 2007.
Algumas dessas propostas bem audaciosas, como a PEC que sugere a redução de 513 para 250 deputados federais na Casa. Segundo o próprio, não havia necessidade de manter o atual número de políticos no Congresso. Quem não dá razão para ele?
A proposta de Clodovil que mais avançou foi a que autoriza o enteado a adotar o nome de família do padrasto. A proposta ainda tramita na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Clodovil sempre mencionou a mãe com carinho. Por sugestão do deputado, deveria ser instituído o Dia da Mãe Adotiva, que seria comemorado no terceiro domingo de maio.
Mal tomou posse, o parlamentar fez uma reforma no gabinete: colocou uma cobra no pé da sua mesa, espalhou obras de arte pelo local, além do brasão da República em almofadas. Na ocasião, ele disse que a cobra se chamava Marta (rs), mas negou que fosse uma referência a ex-prefeita petista de São Paulo, com quem havia rompido relações.
Clodovil se envolveu em várias polêmicas ao longo de seu mandato parlamentar. Em maio de 2007, durante discussão com a deputada Cida Diogo (PT-RJ), ele chamou a colega de feia. Depois repetiu a frase e ainda explicou-a aos jornalistas.
"Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é mulher feia", disse Clodovil. "Agora, eu tenho culpa se ela nasceu feia?"... kkk
Depois de se recuperar de um Câncer, o deputado resolveu fazer campanha de esclarecimento sobre o assunto. Clodovil apresentou uma proposta que torna obrigatório e gratuito o exame de próstata em homens com mais de 40 anos.
O parlamentar também sugeriu, por meio de projeto de lei, que o governo federal mantivesse um serviço de atendimento médico, psicológico e social para as vítimas de violência sexual em todo país.
Na relação de propostas apresentadas por Clodovil, há ainda a ampliação do período de internação sócio-educativa para as crianças e os adolescentes acusados de crimes. Atualmente a idade limite é de 18 anos, mas o deputado propôs que a internação se estenda para os 26 anos, com a ressalva que o período de internação seja de no máximo 8 anos.
Para o deputado, assim como os médicos, os dentistas também deveriam fazer residência médica. O deputado integrava quatro comissões permanentes de Relações Exteriores, Educação, Direitos Humanos e Seguridade Social.
Afirmando ser autônomo politicamente, Clodovil também não se censura em relação a temas controvertidos. Após uma entrevista com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para seu ex-programa de televisão, o deputado reclamou da conduta feminina na sociedade atual.
"As mulheres ficaram muito ordinárias, ficaram vulgares, cheias de silicone", disse Clodovil. "As mulheres trabalham deitadas e descansam em pé", afirmou o parlamentar.
Outro projeto de lei polêmico de Clodovil Hernandes, o deputado pede uma alteração do brasão da República substituindo a coroa de ramo de fumo por um ramo de cana de açúcar.
Para Clodovil, o fumo estimula o tabagismo. Ainda segundo ele, a tecnologia do biodiesel e do etanol de cana de açúcar é 100% nacional.
Falava o que pensava, sobre tudo, doesse a quem doesse.
Dava pinta (dentre outras coisas) e gostava disso. Sua opção sexual era assunto que só dizia respeito ao próprio, mas sofreu muito pelo preconceito. Sofreu também pela mídia que o desconsiderava somente pela figura "caricata" que externava. Foi generoso e corajoso ao se impor e também se expor como gay no país machista, ignorante e preconceituoso que vivemos.
Estilista, apresentador, ator, cantor, político...
Um dos mais habilidosos comunicadores da nossa televisão. Sabia como poucos falar com a câmera e o telespectador. E o que é áximo: não deixava ninguém perceber essa virtude. Fingia que isso era pouco.
Uma das utópicas intenções deste modesto blog é mostrar um outro lado, uma outra visão de assuntos recorrentes na produção midiática contemporânea. Por isto afirmo a você amigo leitor do "Pimentas no Reino", ontem perdemos um homem de verdade.
É como eu digo meus caros:
Pimenta nos olhos dos outros? É Clodovil Hernandez (*17/06/1937_+17/03/2009)
Já fui!
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