Calcinhas de luto: nosso adeus a Wando

Wando («1945 - U2012)

Salve, leitor amigo do Pimentas! 

Cara, vou te contar um negócio: esse post não é exatamente fácil de escrever. Parece, mas não é. Podia ser simplesmente um post comentando o falecimento do cantor Wando, infelizmente ocorrido hoje. Mas não pode ser só isso, bicho. Não pode.

Não estamos falando de um campeão absoluto e indiscutível de popularidade, nem de uma máquina de vender discos. Estamos falando de um sujeito que industrializou a cara de pau! Ao assumir o posto de "cantor mais erótico do Brasil", Wando achou um espaço na cena musical, fincou lá um mastro com uma calcinha na ponta em vez de uma bandeira, e se declarou pra mulherada. Em tempos como esses em que vivemos, em que sucessos nascem e morrem em fração de segundos, é impossível negar que o sujeito se superou.

Esse território demarcado, essa identidade tão própria e tão popular, e por que não dizer também essa tremenda cara de pau, tudo isso são fatores que definem a diferença entre um Reginho da vida e um Wando. Até as pedras do fundo do Rio Nilo cantarolam "Fogo e Paixão". Tá, muita gente vai dizer que as mesmas pedras também cantarolam o Reginho, mas esse não vai virar cult, pode anotar aí na sua agenda de previsões. O Wando é cult, bicho.

Será esse o caixão do Wando? Tudo a ver!

Wando jogou calcinha na mulherada, a mulherada jogou calcinha de volta (algumas extraídas poucos segundos antes do arremesso, ó só), e o cara fez história. Mas Wando falhou conosco, hoje. Ele se mandou. Isso é uma pena, não só porque um Wando será sempre melhor que todos os funkeiros do universo, mas principalmente porque Wando fazia música pra se divertir, e provavelmente divertiu muita gente com isso. Não há coisa melhor, e olha que ele ainda era pago por isso! A música brasileira, o Pimentas no Reino e todos nós nos despedimos hoje de um sujeito que se divertiu a beça, e divertiu uma infinidade de pessoas, com suas calcinhas, com seu erotismo, com suas atuações dignas de Oscar, e com sua verdade. 

Calcinhas a meio pau no dia de hoje, Brasil...

Valeu, Wando!