Realengo: Uma Dor Real Para Uma Comoção Hipócrita

Olá leitores do Pimentas

A tragédia do Realengo no Rio de Janeiro, nos transforma em uma espécie de comunidade relapsa e perplexa. Muitos já estão falando em segurança, etc. A minha e a sua reação diante da enxurrada de informações (dispensáveis) e do próprio fato, são apenas detalhes mórbidos em um cenário que, por pura hipocrisia, ainda nos choca. Não estou sendo insensível à dor dos familiares e próximos das vítimas, mas sim em relação à comoção. Ninguém se comove quando todo mundo quer que tudo seja liberado, colorido, bonitinho e sem dor. A dor é parte da natureza humana, o mal é parte da natureza humana, e ainda assim existe um movimento pró-hedonismo que diz que tudo pode por que está dentro da Lei. Lá, no íntimo da nossa essência, sabemos que essa vidinha hipócrita de modernidade exacerbada não nos faz crescer, e a procura por algo mais acabará por criar mais e mais pessoas como este atirador. Não há psicologia ou religião que os completem, pois criamos uma sociedade que simplesmente não aceita a contradição, a dor e a luta por valores que não estão na internet, shoppings ou supermercados. As escolhas são feitas dentro das casas, mas estas já são somente domitórios e alojamentos. A tragédia do Realengo, infelizmente é apenas a primeira, outras virão. A dor continuará sendo real, e a comoção, hipócrita.
No outro dia, tudo estará bonito novamente. Bom proveito, ou não, aos que viverem.

sigo ali no @allanlpereira