21 outubro 2010

Vem pra cá, me bullyingná!

Bom dia Pimentas no Reino!
Já vou avisando logo que o assunto hoje é meio pesado.
Recentemente, um fato horrorizou e mobiliza a opinião pública norte americana, mas que nem mesmo foi mencionado nos nossos tablóides locais.
Certamente porque devemos ter coisas mais importantes com que nos preocupar, como quem tá na Roça da Fazenda 3, ou então essas rusgas entre Serra VS Dilma.
Pois estou falando de Asher Brown, menino do estado do Texas que aos 13 anos depois de mais de um ano de abusos escolares, deu um tiro na cabeça com a arma do pai. Asher sofria discriminação de seus colegas por manter crenças religiosas diferentes, assim como vestir-se de forma não convencional e ser gay. Sim, meus amigos, uma criança pode ser gay antes mesmo de ter alguma noção de sexualidade... Recomendo o divertido e emocionante filme Minha Vida Cor de Rosa pra entender o assunto.

A prática que incorporou o termo Bullying aqui no Brasil, sempre foi algo controverso.
Aliás, o próprio termo bullying já é tão estrangeiro e estranho quanto o comportamento em si.
Precisamos urgentemente encontrar um nome nacional para isso, e criar assim um vínculo afetivo de combate a prática...
Mas voltando ao assunto, Asher era vítima de piadas e agressões dos seus colegas. A família diz ter feito queixa na escola sobre as ocorrências, e a escola se defende dizendo não ter conhecimento sobre o assunto. O jogo de empurra empurra de responsabilidades certamente não trará o jovem de volta.
Asher por não saber lidar com suas diferenças, preferiu terminar de vez com o sofrimento. O caso veio a tona num momento crucial de protestos à emenda constitucional número 8 do estado da Califórnia que diz o seguinte: "apenas o casamento entre homem e mulher é válido ou reconhecido na Califórnia".
E assim foi criada a campanha de valorização a vida com o slogan It Gets Better (vai melhorar) que vem sendo adotada por todo país:
It Gets Better - Broadway canta pelo Projeto Trevor


Mas não precisamos ir tão longe, quando o problema bate aqui no portão da nossa casa.
Semana passada, um caso de bullying em Petrópolis acabou em pancadaria.
O PAIS dos alunos se engalfinharam num shopping local conforme essa reportagem do Bom Dia Brasil (filho de peixe...).
                        Ana Hickmann quando criança

O fato é que criança é bicho cruel quando quer ser.
Estão ainda em formação moral, não tem noção do tamanho do estrago que fazem  ao caçoar de alguém diferente.
Cabe aos professores não se omitirem ao perceberem esse comportamento. Chamar a atenção e responsabilizar os pais é imprescindível. O problema é que as vezes não existe comprometimento em orientar os filhos, porque afinal de contas, educar dá trabalho.

O jovem em sua condição, sempre vai tentar se destacar da sociedade estabelecida; porém mantém uma uniformidade tribal. Qualquer um que destõe do clã, sofrerá as consequências. Isso acontece com crianças, com bichos e até mesmo com adultos.
E aí, o bulliyng funciona como um ótimo e cruel castigo psicológico.
Uma pessoa que não sabe ser contrariada, vai desabar ao sofrer qualquer tipo de abalo moral. Chama um valentão de "bichona" pra ver se ele não surta e vem te encher de sopapos...

Então o tal bullying ao mesmo tempo que te destrói moral e psicológicamente, te prepara pro que virá. Certamente os alvos de bullying, que conseguem sobreviver, sairão muito mais fortalecidos da experiência que os seus agressores.
E aí meu amigo, quem se encarrega de ensinar, é a vida.

7 comentários:

  1. Então, disse tudo. O meu comentário é mais um relato de uma sobrevivente.
    Crianças são cruéis, sim. Faz parte da formação do caráter.

    Senti isso, qdo criança, era gorda, míope. Tá,ainda sou :D
    Meu pai era dono dos botecos onde a sociedade hamburguense relaxa: ninguém me amava, pq eu servia mesas e lavava pratos que eles usavam. Mas né, tô bem viva e faceira, cheia de amor no coração.
    Dia desses, minha filha e uma colega zoaram um coleguinha: o mesmo deu dinheiro pra que comprassem um livro pra ele, e as pragas compraram um livro da Barbie. Além da decepção que o fato causou em nossa família (pq não é esta educação e exemplo que ofertamos a ela), tive que ir atrás de explicações na escola, e posteriormente na SMED. Pq assim: mesmo errada, minha filha me contou o fato. E se ela não contasse, eu saberia como? Bola de cristal?
    Ela e a coleguinha continuariam o plano de atormentar o guri e ficaria tudo bem?

    O importante,como tu disse, é o enfoque que é dado ao assunto. Muito amor e segurança pras crias, pra que elas aprendam a cair e levantar com graça e maestria.

    Belo texto, Ramiro, EMOTIVEI \o/

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  2. Ótimo texto Ramiro. Só "enganchando" Educar dá trabalho. Fazer filho não, né? Estes pais que se engalfinharam no shopping, infelizmente são o padrão de pais que o Brasil (sim, o Brasil) está formando. A cidadania que o Estado promove nas escolas é superficial, tendenciosa e ridícula. Os colégios particulares são a escapatória para pais e mães que podem pagar por umas horas de distância do trabalho de criar os filhos. Acho que a campanha européia deve melhorar alguma coisa. Lá na Europa. Abraços.

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  3. Ramiro, sofri bullyng do meu jardim de infância até a oitava série. Quando era pequena, descobri pelos meus colegas de classe (crianças de cinco anos assim como eu tinha) que eu era uma filha adotada. Não sabia, foi horrível pra mim. Mais tarde, sofria bullyng pelas notas altas que tinha e minha personalidade explosiva. Quando comecei o ensino médio e troquei de escola, finalmente me livre dessa praga. Não é que as crianças façam por mal, até certa idade elas são apenas papagaios, repetindo aquilo que lhes parece bonito ou o que a maioria faz.

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  4. Rosana, é isso que eu acho - escola que não esta atenta pra isso deve ser punida tanto quanto os pais que se omitem. Corta o bolsa família, coloca em serviço volutário, sei eu... Ta na hora de punir e não esperar a criança acabar com a vida ou um processo de danos morais no judiciario.

    Allan pra bullying não existe estatistica. E conselho de pais e alunos rá! só serve pra punir criança traquinas e olhe lá... Ta na hora de colocar profissionais de verdade lá.

    Dri, todo mundo tem uma história triste de bullying pra contar. Eu sofri inicialmente por não ser da cidade, depois por ter pais separados, depois por não jogar esporte algum, depois por ter dente torto, depois por ser repetente... Enfim... Sempre dei a volta por cima e hoje "agressores" são grandes amigos meus. Não dá é pra se entregar!

    Beijo galera obrigado pelos coments!

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  5. Não dá pra se entregar mesmo; o bullyng ajuda a pessoa a crescer.

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  6. Ramiro,

    já tivemos uma pessoa em nosso blog que sofreu muito de bullyng até sua adolescência. É meio apavorante a história, mas ele criou um vídeo contando sua vida, vejam:

    http://www.pimentasnoreino.com/2009/10/e-assutador-mas-e-minha-vida-voce-sabe.html

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  7. EXCELENTE POST! Obrigado por me proporcionar uma leitura tão boa, nesse domingo de tédio.

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