29 outubro 2010

Assembleia de Deus: Igreja ou partido?

Daniel Berg e Gunnar Vingren, missionários fundadores da Assembleia de Deus

Opa, e aí, povo do Pimentas, tudo bem?

Eu sou da seguinte opinião: política e religião é como água e óleo: não tem como se misturar. São coisas distintas, e sempre que tentam juntar uma à outra dá merda o resultado é desastroso, assim como temos visto nessas eleições. Mais uma vez, em cima do desespero de ganhar, os dois candidatos tentam à todo custo mostrar qual é o mais religioso, o católico mais devoto, o mais amigo dos evangélicos. E vejam só, o peso que os evangélicos ganharam nessas eleições.

Mas todo esse esforço dos candidatos em se mostrar amigo de pastor está expondo um problema da igreja evangélica até então limitado às reuniões de pastores. Está mostrando o quanto a igreja evangélica no Brasil é dividida, cheia de brigas e picuinhas. E dou destaque para a maior igreja evangélica do Brasil, em número de membros: a Assembléia de Deus (se vc pensou que era a igreja do Bispo Macedo, rará! Errou).

A Assembleia de Deus foi fundada em 1911 no Pará, por dois missionários suecos, Danniel Berg e Gunnar Vingren, que não falavam um A em português. Ao longo dos anos, como a igreja cresceu muito - muito MESMO - ela se dividiu em duas convenções: a CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil), com sede em São Paulo e presidida pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, e a CONAMAD (Convenção Nacional de Madureira), no Rio de Janeiro, presidida pelo pastor - e deputado federal pelo PTB - Manoel Ferreira.
Pr. José Wellington, da CGADB e amigo dos tucanos
Quem ler a história das duas convenções vai ver que elas nunca foram lá muito amigas uma da outra. Sempre houve uma rivalidadezinha entre a Assembleia de Deus de SP e a de RJ. E essa divisão ficou mais evidente agora, nas eleições. Isso porque o pastor Manoel Ferreira, da CONAMAD, é um defensor ferrenho da candidatura da Dilma, e o pastor José Wellington, da CGADB, resolveu entrar na propaganda do Serra, que já tinha recebido o apoio do Silas Malafaia, que não é ligado a nenhuma das duas convenções. Meio complicado de entender, né?

Pr. Manoel Ferreira, presidente da CONAMAD e defensor da Dilma

O fato é o seguinte: a política e as eleições presidenciais serviram pra mostrar que a AD continua tão dividida como sempre foi. Sei disso porque praticamente nasci na Assembleia de Deus e lá permaneci até uns anos atrás. Não, não fui "expulso por pecado", nem nada disso. Digamos que eu estava cansado de certas coisas e "pedi pra sair".

A Assembleia de Deus tem uma história bonita. O começo de tudo, as dificuldades, as intenções dos fundadores. Quem lê a história da AD com certeza vai encontrar nomes como Cícero Canuto de Lima e Paulo Leivas Macalão, homens que ajudaram a fundar a igreja e deram a vida pela fé que acreditavam. Paulo Leivas Macalão, inclusive, foi quem deu ao Manoel Ferreira o título de "pastor". Tenho certeza que, se voltassem hoje, não conheceriam a igreja que está aí hoje. Esses homens, que acreditavam na fé religiosa, se voltassem hoje para a Assembleia de Deus que se divide entre PT e PSDB, que disputa audiencia na TV, com certeza "pediriam pra sair", também.

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