03 setembro 2010

A profecia (resposta ao post do Ziegler)

Olá pimenteiros daqui, e dali também!
Eu ia apenas fazer um comentário no belo post do @jbziegler sobre liberdade de expressão, mas vi que ia ficar melhor aqui, dando continuidade à bela discussão que ele propôs ali. 
Como todos sabem, sou católico sem-vergonha, nos dois sentidos, e acho minha igreja o máximo, considerando que, exceto o que fez de errado, ela fez tudo certo. E ainda assim fez muito mais pelo mundo que várias outras instituições como partidos políticos, etnias, minorias, sindicatos, mídia e várias tantas outras formas de associação em torno de uma idéia. Mas se o leitor quiser saber por que penso assim, basta pesquisar em fontes confiáveis e históricas, por que não estou aqui para convencer ninguém a entrar na igreja, pelo contrário, cada um escolhe sua religião, na seção de artigos de higiene do supermercado de sua preferência.

Pastores como o do post do Ziegler me deixam preocupado. A expressão "cristão" já não é mais respeitada, pois foi tomada por uma capa evangélica perigosa. Estes homens de boa oratória, belos ternos e programas de televisão de grande alcance popular, fazem suas interpretações de Deus a partir de um conveniência política desumana e hipócrita. Um cristão não precisa concordar com homossexuais, abortistas e outros, porém a perseguição velada e evangelismo forçado só reforçam a idéia de um grande cisma social, totalmente desnecessário, que só leva a destruir não só a imagem de Igrejas, mas do próprio cristianismo e sua essência.

Movimentos Sociais de reinvindicação de direitos me preocupam. O discurso inflamado contra as religiões também é presságio de cisma e conflitos. Algumas alas destes movimentos moldam leis e discursos por um único ângulo, esquecendo-se que ninguém, absolutamente ninguém é obrigado a concordar com suas orientações e escolhas, por outro lado, todos os direitos que lhes são previstos em constituição devem ser garantidos. Assim como daqueles que não concordam ou gostam de suas atitudes. 

A profecia então, se resume a dois cenários, por favor, Carmina Burana de fundo:

1 - Movimentos Sociais (MST - Sindicatos - Gays - Green Peace e outros)  tomam o poder:

Você terá que escolher entre viver em uma comunidade social, plantando alimentos, não poderá constituir família normalmente, ou seja, uma cota de sua família deverá ser negra, gay ou de algum dos grupos que ainda vai reinvincar seus direitos. Não poderá vender seus produtos com margem de lucro, pois assim já será um agronegócio. Será obrigatório a todos os cidadãos participarem de pelo menos uma passeata por semana, mas como estarão no poder, as passeatas terão temas mais lights, como por exemplo, a escolha da gravata do @realwbonner ou a obrigatoriedade de todos os cidadãos possuírem em casa, porta retratos com fotos de seus cães.


2 - Cristãos tomam o poder:

Negros deverão, obrigatoriamente montar corais gospel, e abandonar ritmos afros, pois estes são de origem pagã, dos ritos de candomblé. Famílias deverão, obrigatoriamente possuir membros chave como pai, mãe, filhos, um pastor que faça sua direção espiritual e também a conferência do dízimo. Homossexuais deverão passar por clínicas de tratamento e recuperação, e abortistas presos em masmorras medievais. Estão proibidas passeatas,  reuniões com mais de três membros nas esquinas, todas as escolas deverão ter um crucifixo na parede da sala de aula. Novelas deverão passar somente após as 23 horas. 
Enfim, Ziegler nos deu a solução primordial, educação. Mas não a educação sofrível que o sistema brasileiro nos oferece nas escolas. A educação que começa na criação, religiosa ou não, que vai sugerir o respeito à integridade moral de todos os seres humanos, crentes ou não, que compõe a sociedade, todos lutanto pela vida e pela liberdade de maneira a não transgredir a tênue linha da falta de discernimento profana e da ignorância fundamentalista. 

Lamentavelmente, para todos os lados da discussão, ainda falta muito.
Ziegler, empresta o fogo?

2 comentários:

  1. Sabia que alguém ia pedir pra queimar a gente, "tamo junto" Ziegler, eu assopro sua fogueira e você assopra a minha. (Proibido pensar maldade que o assunto é sério)
    Allan, um sonho de lugar perfeito seria com uma educação baseada na honestidade, ética, solidariedade e sem religião, pois só assim as pessoas aprenderiam a ser responsáveis por seus atos e virtudes, sem temer entidade nenhuma, sem essa idéia estúpida de pecado. Como convencer alguém que deus pode castigar alguém se ele permite padres pedófilos, pastores bandidos, umbandistas charlatões.
    Eu li a muito tempo, que os incas mantiveram aquela civilização baseada em apenas 3 leis: Não mentir, não roubar e não matar, (não vou entrar no mérito de suas crenças, não foi por isso que citei as leis).
    A religião é um atraso pra nossa civilização, quantos cientistas podados, quantos queimados, quantas guerras inúteis, quantas bibliotecas destruídas.
    Me incomoda muito essa relação que as pessoas fazem entre retidão de caráter e religião, as próprias religiões estão aí pra provar que não tem nada haver uma coisa com a outra né?
    Abraço Allan.

    ResponderExcluir
  2. O fogo era justamente para isso, para acender a fogueira, ou não seríamos Pimentas né Glaucia? Você defendeu muito bem e de forma aguda seu ponto de vista. É um belo assunto, forte e de grandes questões polêmicas, e defendo que não é preciso extirpar nenhuma das partes, como o próprio Ziegler disse, até gremistas precisam dos colorados. Mesmo os Incas, com suas leis diretas e simplificadas tinham nas divindades o seu alento e sua esperança, regada à sacrifícios rituais. Conheço a Umbanda e Candomblé por experiência, e também sei o quanto essas duas religiões, de grande valor histórico e cultural, lutam contra o charlatanismo, assim como muitas religiões cristãs sérias. Não há ser humano incorrupto, há também aqueles que se propõe a seguir sua religião sem a vocação e discernimento corretos,m ou já com má intenção mesmo, e cometem muitas atrocidades em nome de Deus, assim como existem bons e maus médicos, cientistas, advogados e até marqueteiros (srs). Prezo pelo diálogo justo, que acredito ser o primeiro passo, até para uma legislação mais rigorosa na punição aos charlatões. Se depois do diálogo estabelecido, a legislação estiver ao acordo de todos, banir as religiões não fará mais diferença.
    Abraços Gláucia, e obrigado por enriquecer a discussão como sempre.

    ResponderExcluir

Apimente você também

Artigos recentes