20 janeiro 2010

Meu lado Clarice Lispector

Olá, povo do Pimentas.



Quem me conhece sabe que gosto de ler. Leio bastante, desde livros enormes até placa de itinerário de ônibus (eu tenho a mania de decorar todos os códigos de linhas de ônibus de SP). Nessas leituras, já li coisa boa, coisa média, coisa ruim e coisa daquelas que a gente fala "PQP, porque fui comprar isso..."

Mas o que realmente me fascina é a literatura brasileira e portuguesa. Aquela, do tempo de ginásio (ou Ensino Médio), quando seu professor de português mandava ler livros chatíssimos, sabe? Pois são desses livros chatíssimos que eu gosto. Machado de Assis, José de Alencar, Gil Vicente, Camões (nem eu acredito que consigo ler Camões!), Fernando Pessoa e seus heterônimos, Clarice Lispector... Clarice Lispector! Eis aí minha preferida. Vou dizer o porquê.


Clarice não é brasileira. Nasceu numa minúscula cidade na Ucrânia e veio ainda bebê ao Brasil. Aqui se casou com um diplomata e, por conta disso viveu muitos anos no exterior. Mas Clarice, mesmo não sendo brasileira e morando no exterior, tinha o sangue brasileiro em suas veias, mesmo com o sotaque carregado. Sabia como ninguém retratar a vida de muitos brasileiros que não tinham qualquer oportunidade na vida, mas mesmo assim se diziam contentes. Isso está claramente mostrado em "A Hora da Estrela", onde ela se disfarça de homem, o escritor Rodrigo S.M. e conta a história da nordestina Macabéa, que muda-se para o Rio de Janeiro e lá leva sua vidinha medíocre.


O que me impressiona em Clarice é a capacidade de criar personagems tão reais. Macabéa é o retrato do brasileiro que não exige muito da vida. "Assim como a nordestina (Macabéa), há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não sabem que são facilmente substituíveis e que tanto existiriam como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por não saber a quem. Esse quem será que existe?"

Sim, meu povo, gosto mesmo da literatura brasileira, e dentre todos, Clarice é a que mais me fascina, talvez por ela não se considerar escritora profissional, como ela mesma disse numa entrevista em 1977, mesmo ano da morte da escritora. Além disso, me identifico muito com a introspecção (eta palavrinha difícil... rs) da autora. Clarice tem o dom de investigar o que há no mais profundo de cada um de nós, e expor isso em seus livros. Basta ver "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres" (quem não se identifica com a Lóri?), "Água Viva", "A Paixão Sergundo G.H" e outros livros

Num mercado cheio de "crepúsculos" e "doces venenos de escorpião", fica a dica de boa leitura.

Inté!

Um comentário:

  1. taí goste de ver!!
    anida bem que não é só de pseudo-leitores que é formada a iternet, mas de gente que se interessa por uma literatura mais seria e enriquecedora.
    Parabens!!

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