15 janeiro 2010

And the Oscar goes to... "Lula, o filho do Brasil"?



Amigos do Pimentas no Reino,

Nunca antes na história cinematográfica desse país tivemos um filme tão talhado para conquistar nosso primeiro Oscar quanto o recém-lançado...ah, nem preciso falar o nome do filme...( Xuxa e o Mistério de Feiurinha é que não é, garanto).


Antes, vou fazer um esclarecimento: não sou crítico de cinema, não estou aqui avaliando se o filme ao qual me refiro é bom ou não, não estou fazendo juízo de valores sobre a vida e obra de seu personagem principal nem tampouco constatando se ele levou ou não vantagem em trocar a Cléo Pires pela Juliana Baroni...nada disso...Todos temos nossas opiniões pessoais sobre esse personagem. A única avaliação que me permito aqui é a felicidade em delimitar a narrativa no tempo para algo que já se tem o distanciamento histórico para se avaliar: retratar a vida de alguém vivo sem fazer isso seria como pintar uma tela infinita...Meu objetivo aqui é mostrar que em todos os aspectos extrínsecos àqueles tradicionais para se premiar um filme, já há um mega-favorito.



Nunca antes na história dos cotados brazucas para concorrer a estatueta tivemos um filme que reúne tantas características que agradam em cheio a Academia quanto neste ano, senão vejamos:

- A tragédia pessoal do diretor do filme, que sofreu grave acidente automobilístico antes que o seu filme entrasse em cartaz no circuito comercial, confere ao filme uma aura meio James Dean, que morreu antes de ver pronto seu último filme.

- Os americanos adoram cinebiografias: Ray, Capote, Uma mente brilhante (que retata a vida de um perturbado professor universitário), Piaf...tantas pessoas célebres ( e não celebridades, palavra desgastada pelo mau uso com os BBBs da vida...) tiveram suas vidas filmadas e foram, em alguma categoria pelo menos, lembrados na mais importante premiaçao do cinema mundial, que esse formato, digamos assim, já chega pré-aprovado.

- A premiação, de modo geral, tende a valorizar as histórias daqueles que simbolizam o "sonho americano", os chamados self-made man (homens que se fizeram por si, em tradução livre). Considerando as origens desse personagem e seu destino final, há o perfeito enquadramento nesse papel.

- Líderes pacifistas que, longe dos "dogmas exóticos" vindos do então perigoso Leste, conseguem revolucionar seus países também agradam ( e no filme isso é pisado e repisado, não acidentalmente...). Gandhi disputou e ganhou a estatueta contra ninguém menos que o ET (no longínquo 1983)...

- Da mesma foma que o COI e a FIFA, a academia sabe que é hora de se lembrar com mais efetividade da existência da América do Sul. ( E nesse aspecto, em especial, nosso personagem tem experiência em fazer esses grandes organismos internacionais olharem para o Brasil com bons olhos).

- Depois de Olimpíadas, Copa do Mundo, pré-sal, toda a longa lista de denúncias que não colaram em sua imagem ( a ponto de sua popularidade hoje estar em 72% de aprovação de acordo com o Ibope e ser "o brasileiro mais confiável do país" pelo Datafolha), convenhamos, Oscar é moleza...

2 comentários:

  1. De quebra um "terremotozinho enviado por Deus", num país próximo, onde alguns poucos heróis partiram para que outros brilhem, enviando milhões de reais que certamente sobram aqui, ou mobilizando tropas, equipes médicas, população para fazer doações, porque afinal o Brasil é um país solidário e pode fazer este tipo de investimento, ops, dar este tipo de ajuda, porque na verdade não precisa, afinal, aqui as pessoas já estão acostumadas a ficar morrendo nas filas dos hospitais mesmo, não é necessário um terremoto para abalar as estruturas, aliás, quais????

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