21 dezembro 2009

Mano Brown se vendeu aos "Sistema"?


Amigos do Pimentas!

Há uns 10 anos estava eu no caminho para a faculdade quando vi um Landau lilás parado em um posto de gasolina. A cena por si só já chamaria a atenção, mas havia um componente que faria dela absolutamente inesquecível: o dono daquele carro era o já então legendário Mano Brown.

Sempre parto do princípio que artistas gostam de duas coisas: dinheiro e reconhecimento – dinheiro damos quando compramos um CD original, compramos ingressos para um show, etc... e reconhecimento é aquela coisa de olhar nos olhos do artista e agradecer pela sua obra, parabenizar por algum bom trabalho, coisas que possam afagar seu ego.

Todo artista é um exibicionista por natureza e tal reconhecimento tem que ser bem recebido por ele. (Claro que nem todos pensam assim, infelizmente – ficam famosos e se escondem por trás de seus óculos escuros de grifes famosas). Partindo por essa lógica, vi o motorista daquele “pequeno” carro e fiz menção de dirigir-me até lá para cumprimentá-lo. Aí eu me olhei de cima abaixo: terno, gravata, pasta executiva, óculos...conhecendo sua fama de “100% periferia” e de raiva da “elite branca” (expressão cunhada posteriormente pelo ex-governador Claudio Lembo, mas que retrata uma realidade secular que os Racionais tantas vezes cantaram ao longo desses anos todos de estrada ) pensei melhor e dei meia volta para não ser xingado.

Passada uma década, vejo que esse reencontro poderá enfim ocorrer. Lendo na revista Rolling Stones (da qual Mano Brown é capa esse mês), nota-se que ele está disposto a mudar essa sua postura: trocou seu Landau por um Audi, assinou contrato de patrocínio com a Nike e agora está disposto a aceitar aqueles convites da grande mídia que ele sempre recusou.


Os puristas poderiam dizer que ele capitulou diante do sistema, que ele se vendeu. Dado Dolabella talvez dissesse que Mano Brown se tornou um traidor do movimento rapper. (seria hilário e não lhe faria bem aos dentes, mas tudo bem...). Falando em Dado , o João Gordo foi para a Record, em claro sinal de traição ao movimento punk tentativa de expansão de público...Ou seja, serão colegas de emissora. Eu prefiro pensar que tanto o vocalista do Ratos de Porão quanto o líder dos Racionais seguiram o velho conselho dado aos esquerdistas pelo pessoal da direita: “A melhor forma de ajudar os pobres é não sendo um deles”...

8 comentários:

  1. Tudo é relativo quando falamos de rap. O movimento que diz que prega a paz (que é diferente de não-violência) utiliza-se de um visualagressivo, meias na cabeça, cara de mau e um estereótipo que se identifica com a bandidagem. Com certeza, é mais pacificador usar o terno e a gravata. Mano Brown, na minha opinião, nunca teve muito a oferecer além de uma apologia insensata a uma rebeldia generalizada de sua, então, facção. A Beth Nobrega acerta, o D2 fez o mesmo, ganha muita grana e continua fumando seu baseado. João Gordo sempre ganhou dinheiro, não vai ser diferente agora. E continuarão pobres aqueles meninos dos guetos e favelas que acreditam em Mano Brown e Marcelo D2.

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  2. Nossa que ridículo, não esperava mais essa! Eu que era fã do Planet Hemp larguei o Marcelo D2 assim que ele saiu do grupo e agora deixarei de escutar o Mano Brown porque provavelmente ele vai começar a produzir lixo igual ao D2. Vcs já perceberam que quanto mais "resistentes" esses caras são mais caras de pau são quando se vendem?! E eles se vendem depois de não precisarem mais de tanta grana assim, porque já estão com os bolsos cheios (não dá p/ entender mesmo)!!!

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  3. Certa vez Mano Brown em entrevista para a revistas Trip, disse que Ronaldinho, na época magro e sem a concorrêncio do Ronaldo Gaúcho, deveria ser sequestrado por ostentar uma ferrari no nariz dos irmãos da favela. Causou polênica e manifestação de uma penca de juristas, pela suposta incitação ao sequestro.
    Engraçado, a vida do Mano e do Ronanldo não deve ter sido fácil, cada um por seus caminhos, mas conseguiram tirar o pé da lama. Será que bancar um personagem pra sempre é realmente o melhor caminho? Será que "representar o movimento" não enche o saco?
    Todo mundo quer crescer e isso não significa, necessariamente esquecer alguns valores, não é?

    ;)

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  4. Eu acho que rebeldia dosada nos parâmetros vendáveis da mídia vendem pra cacete, e o camarada ta tentando entrar neles. Que me desculpem quem gosta de racionais, mas eu também nunca vi muito sentido nessa ideologia reacionária deles.No mais, acho que eu também vou dar uma reclamadinha pra ver se eu descolo uma grana.

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  5. traidor filha da puta, tai o que o sistema quer emtão toma, vamos começou a gorra termona fas musiquinha pra filha da xuxa faz novela

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  6. Liberdade de expressão é o direito de manifestar opiniões livremente. É um conceito basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral".
    Liberdade de expressão é ter o direito dizer o que pensa, o que acha de tudo o que acontece sem ser punido ou calado por causa disso.
    É ter direito à ter uma opinião seja qual for o assunto , ou seja ,
    como que um cara se vendeu para o sistema ,sendo que o JÔ Soares , uns dos maiores escritores , jornalistas e apresentados da TV brasileira , emplora quase todo mes para o Mano Brown dar uma entrevista no seu programa da Rede Globo. O cara é contra a mídia e contra a veiculação de informações pela mídia que pode ser considerada ideológica, ou seja, a serviço do poder ?
    Voces deviam sair um pouco do apartamentinho do morumbi , antes mesmo de julgar e ter um pré-conceito contra o cara , tendo opinioes apenas veiculadas pela mídia! SEM MAIS

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  7. Guilherme,
    Não sei se você prestou atenção ao que leu, mas o texto é exatamente isso aí que você tanto defende: é opinião livre. Pra se formar opinião, não é exatamente necessário sair do apartamentinho do Morumbi. Ou você é desses que só vai falar mal do crack depois que sair do apartamentinho, experimentar e ver o estrago que faz?

    Não sei se é excesso de boa vontade, mas o texto diz claramente que ele se rendeu a expressões oriundas do "sistema" que ele mesmo condenava, e isso é uma mudança expressiva de postura diante de tudo aquilo que ele sempre criticou, e é esse o enfoque, não vi o texto condenar o cara pelo que quer que fosse. Além disso, o texto não pode ser pautado em opiniões pautadas pela mídia, segundo você. Posso deduzir então que você faz parte da assessoria de imprensa do Jô, pra saber que ele "emplora" algo a quem quer que seja?

    Quando você fala em preconceito contra o cara, eu fico curioso em saber que linha de raciocínio te faz crer que alguém viva e aja fora daquilo que prega e defende, e isso seja algo natural, mas infelizmente você terminou seu comentário com SEM MAIS, e provavelmente minhas respostas estariam lá, nos tais mais.

    De qualquer forma, não estamos julgando ninguém. A opinião é livre, como você mesmo falou. Muito embora eu ache prudente deixar claro que o direito de dizer o que pensa não engloba o direito de dizer da forma como achar melhor, que fique claro.

    Obrigado por sua visita, volte sempre, etc e tal...

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