30 novembro 2009

Tira o pé do chão! E põe a mão no ouvido...


Oi povo do Pimentas!

Errê Brasilzão véio sem fronteira!

Terra de muita alegria, muita festa, muita miscigenação. Vai ver o povo é tão mestiço por conta do carnaval, né? Aliás, já percebeu como tem gente que faz aniversário em novembro?

Tudo cria de carnaval

Não sou muito fã das festas celebradas neste período que marca o início da quaresma – por isso “carnaval”, era a última data em que se podia comer carne. Uma pesquisa feita em 2008, se não me engano, mostrou que 58% dos brasileiros também não faz a menor questão das folias do Rei Momo. E imagina uma pessoa que não gosta do carnaval e mora na Bahia, onde todas as modas momescas nascem?

É axé prum lado, pagodão pro outro, acarajés e atabaques, ukulelês e tererês. Banana boat que te atropela, roda de capoeira que te encanta. É, amigo, precisa ter muita paciência.

E por que eu tô falando nisso? Porque é nessa época do ano que as “músicas” que vão bombar no carnaval bombam na Bahia. A mídia trata tudo como axé mas, juro, há diferenças. E gritantes! Vou exemplificar (sem áudio, para alívio geral dos ouvidos alheios):

Axé (que quer dizer “boas energias”) é Ivete Sangalo, Asa de Águia, Ara Ketu, Daniela Mercury, Chiclete Com Banana. Se bem que “chiclete com banana” já virou estilo, muito seguido por bandas como Bandana e Iriê. Também engloba os grupos percussivos internacionalmente conhecidos, como Olodum, Timbalada e Didah (feminino, bacana demais). Pode-se dizer que “axé” e “música baiana” são sinônimos.

Outra coisa é o pagode baiano, em musiquês conhecido como “samba duro”. Lembra dos primórdios do Tchan, na época Gera Samba? É isso. Terra Samba, Harmonia do Samba e todos aqueles grupos que se apresentavam no Faustão e no Gugu nos anos 90 fazem parte dessa categoria. Confessa, você já ralou na boquinha da garrafa!

Agora o tal do arrocha tá fazendo fama. Dejavu, Trio Darruana e agregados. É tipo o tecno brega, ou de repente até é a mesma coisa, nunca fiz questão de me aprofundar. Meu ouvido não é penico, sabe como?
A partir deste momento serei totalmente parcial, expondo o que EU PENSO sobre o que vem a seguir.

Aí vem o “pagode baiano moderno”, aqui chamado de “pagodão” ou “quebradeira”. A “música” por eles “fabricada” começa e termina da mesma forma. Como disse alguém, a letra é feita via Twitter: não passa de 140 caracteres. Exemplos não faltam: “não me chame não, viu? Não me chame não que eu vou! Venha venha venha venha...”, “ela tenta botar no vê-ó, ela tenta botar moicanos, tenta botar, tenta botar, mas eu gosto mesmo é rasparasparaspadinha”... Sim, isso são letras de músicas.

E sabe o que é pior? Ainda nem cheguei no que seriam “as proibidonas”, quando o ritmo segue o mesmo mas as letras caem de nível – sim, é possível. O grande nome do estilo é O Troco Hein, que se apresentou aqui na cidade na semana passada. Contando com a glamourosa presença da Professora Jaqueline, dançarina descoberta em um show em Salvador, o grupo entoa “tudo, tudo, tudo até o talo, todo enfiado, todo enfiado”. O glorioso é a coreografia, mostrada milhões de vezes no youtube num vídeo que rodou o mundo. O “cantor” enfia a mão sob a saia da moçoila – que perdeu o emprego por ter aparecido em rede nacional – e puxa sua calcinha até que os pequenos lábios sejam divididos pelo fio dental. Segundo um amigo que foi ao “show”, dá pra ver os pêlos pubianos da rapariga. Ah sim, as pessoas pagaram pra ver isso tudo, e nem foi num puteiro.

Epa, não tô dizendo que a Professora Jaqueline seja uma profissional da difícil vida fácil, mas sim que o tipo de apresentação é similar ao que se apresenta em centros de diversão noturna.

E, segundo Dani Calabresa, carnaval em Salvador é a mesma coisa que véspera de Natal na 25 de Março, só que ao som de axé. Sucursal do inferno? Nem tanto, costuma chover.


Vou ali escutar o belo som do silêncio, té mais!

9 comentários:

  1. Deprimente mesmo. Outro dia, eu até comentei que a Claudia Leitte agora se diz "Musa do Pop", quando sempre cantou Axé...
    Acho a Ivete Sangalo muito mais pop do que a Claudia ...
    Mas esse indefinição que rola na Bahia, quanto ao Axé, aqui no Rio, é o funk que encontra problemas.

    Mas só um tipo sobrevive, aquele bem ridiculo mesmo, com apologia às drogas e facilidades sexuais... =x

    Prefiro ouvir (e ser criticada) minhas canções dos anos 80,70 ...

    Beijos.

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  2. Você só errou no marcador: Música, em momento algum você falou de música!!! kkkk
    Beijão Ana, amei o post.

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  3. Pois é, eu respeito a musicalidade do Olodum, mesmo achando que Michael Jackson cometeu um erro se associando a eles. Mas tudo bem, a decisão era dele. Respeito Daniela Mercury pelo caráter, profissionalismo e pelos cachês em campanhas políticas, assim como Gilberto Gil. Chiclete com Banana tem uma grande influência na comunidade baiana, música mesmo, não vou considerar. Reflete muito, neste caso, a popularidade do Bel, grande carisma. Ivete devia trabalhar na Globo em definitivo, Claudia Leite não deveria ter começado, e o resto... deixo a cargo de vocês. Belo post Pimenta!

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  4. Estou fazendo um levantamento para uma futura pós graduação sobre o tema relacionado à Inveja que a Bahia desperta.
    É incrível a quantidade de gente que cria conta na internet e atrai um monte de desocupados só para falar mal da Bahia!!!
    Quer vocês queiram ou não, o Estado da Bahia e tudo que ele tem e cria são reconhecidos e admirados internacionalmente. O porquê vocês já sabem demais, caso contrário, não estariam aqui desabafando a inveja.
    A Bahia, além de ser a terra mais turística do Brasil, queiram ou não, reconhecida INTERNACIONALMENTE pela UNESCO e pelo maior jornal do mundo, o New York Times, como o melhor destino turístico do Brasil e um dos 31 do mundo, também é o único Estado do Brasil que se impõe, cria sua própria cultura e não aceita a imposição da "cultura" estrangeira ou made in rio e são paulo, além de exportar para o resto do Brasil (sem exceção) e para o mundo também.

    Será preocupante para o turismo da Bahia, quando ninguém mais criar conta e posts para falar mal.

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  5. Technoart,

    Faça um levantamento pra sua pós, e depois faça um levantamento sobre o reconhecimento internacional do Tchan e de todas as bandas baianas que só fazem consolidar a infeliz fama de país da bunda, que o Brasil tem graças a Embratur nos anos 80 e aos Tchans da vida nos que se seguiram.

    Aproveite para fazer um levantamento de quantas letras de axé você pode escrever usando apenas 140 caracteres, isso vai dar um debate e tanto na sua pós.

    E não deixe por favor de fazer um levantamento sobre a diferença entre destino turístico e produção musical, isso também vai te fazer um bem incalculável.

    Quanto a criar sua própria cultura, a Bahia certamente não precisaria agradecer a Africa e a mais ninguém, de acordo com a sua visão. Ok, então nem me cabe dizer nada, né?

    E caso te sobre tempo entre uma dança da bundinha e outra, faça um levantamento sobre o direito que o resto do país tem de não gostar de alguma coisa feita aí, e sobre o direito de dizer que não gostou. Se você conseguir absorver tamanho conhecimento, provavelmente vai deixar de lado essa ideia estúpida de "inveja". Axé, meu rei.

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  6. É incrível a quantidade de gente que acessa a internet, e não sabe interpretar os posts que lê.

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  7. Há! Com a educação da forma que está já é admiravel conseguirem acessar a Internet. Agora pautar um tema para TCC ou algo que valha, como: "A inveja que a Bahia desperta" é uma prova mais que concreta disso. Invejo o Núcleo de Antropologia da UFBA, isso sim é cultura.

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  8. "A inveja que a Bahia desperta" oi???? hein? o cara fumou alguma coisa ilícita ou comeu acarajé em excesso.
    Ou é culpa da inclusão digital. ô desgraça, viu.

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