06 novembro 2009

Sarney: não vi, não li e não me interessa



Olá Amigos do Pimentas!

Mais um fato horroroso com o Sarney no meio. Se bem que desta vez, dou razão a ele. É querer muito que estivesse presente ao lançamento, ou que comentasse sobre o livro-bomba que foi lançado sobre sua vida.

-“ Não vi, não li, não me interessa” foi o que respondeu à Livraria da Folha, sobre “Honoráveis Bandidos – um retrato do Brasil na era Sarney”.

O lançamento do livro aconteceu no Sindicato dos Bancários, em São Luís (MA) na noite de quarta feira, dia 4 de outubro.

A pancadaria comeu solta. Estudantes ligados à família de Sarney jogaram ovos, quebraram vidros, a porta principal de entrada, depredaram o imóvel.



Essa rebeldia porque o conteúdo do livro não agrada, o autor jornalista Palmério Dória, menciona fatos lamentáveis da época de 50/60, e de como a família enriqueceu alçando o poder, fala da intimidade e preferências sexuais do ilustre senador, dentre elas receber lambidas no dedão do pé.

O lançamento do livro teve que ser realizado no Sindicato, as livrarias da cidade não o quiseram, com medo das consequências que viriam, e tinham razão porque vieram mesmo.



Defensores de Sarney depredaram o Sindicato, causando grandes prejuízos. Seus diretores querem que a polícia apure e puna exemplarmente os vândalos, além dos prejuízos financeiros, há o desrespeito a uma instituição democrática, e não se sintam mais estimulados a repetir o fato.

Abaixo transcrevo a entrevista do blog Blog da Geração Editorial com o jornalista Palmério Dória, autor do livro, “Honoráveis Bandidos – um retrato do Brasil na era Sarney”



Quando começou a pesquisar sobre a vida de Sarney e seus colegas da política?

O Sarney é um cara antigo na minha vida.Tudo começou quando eu era diretor do jornal. “O Nacional”, no Rio de Janeiro, um semanário criado em 1986, de oposição a Sarney. O prato principal deste veículo era denunciar a política da Nova República.

Eu era diretor de redação desta derradeira aventura de Tarso de Castro, o inventor do “Pasquim”, conhecido por formar sempre uma equipe de peso. Na lista dos colaboradores vale relembrar alguns nomes como Cláudio Abramo, Rubem de Azevedo Lima, Paulo Caruso, Fortuna, Moacir Werneck de Castro, Eric Nepomuceno, Luis Carlos Cabral, Alex Solnik e o próprio Myltainho, que chefiava a sucursal paulista. Outro momento em que fiquei de frente novamente com o Sarney foi em 2000, quando começaram a especular a possível candidatura de Roseana Sarney para a presidência da República.

No final de 2001 eu fui para São Luís do Maranhão cercar a vida dele e de toda a família. Depois publiquei no começo de 2002 uma matéria na revista “Caros Amigos”, “O nome dela é Roseana, mas pode chamar de Sarney”. Neste texto ela foi apresentada como a “número 1 do miserê”.

Neste texto eu dizia onde o Maranhão era governado: na sede da Lunus do Jorge Murad. Uma semana depois de a revista ir para as bancas, por coincidência ou não, a Polícia Federal veio a estourar o local e encontraram neste endereço mais de um milhão de reais num cofre. Foi aí que a candidatura dela desabou.

Na seqüência, eu publiquei o livro: “A candidata que virou picolé”, pela editora Casa Amarela. E um ano antes de o Sarney virar pela terceira vez presidente do Senado eu já estava na cola dele em razão da investigação da polícia federal sobre o filho dele, o Fernando, com a já famosa operação Boi Barrica.


Por que o coronel do Maranhão é um personagem quente?

Quando eu conversei com um historiador, Joel Rufino dos Santos, ele me perguntou, assim de brincadeira, “quem é o Sarney”?

Parecia não ser um personagem quente. Mas ele nunca deixou de ter o poder da caneta, o poder de nomear, ele nunca deixou de indicar e de participar de todos os governos. Eles tinham a impressão que ele era um personagem menor, isso há alguns anos antes de ele assumir o Senado. Na ditadura ou fora dela ele sempre manteve o poder. O setor elétrico, por exemplo, é todo dele!

Você escreveu o livro ao mesmo tempo em que os escândalos iam estourando?

No livro o leitor vai se deparar simultaneamente com o que imprensa divulgava naquele momento e o que já havíamos investigado por nossa conta. É uma leitura que vai proporcionar também uma visão sobre a cobertura que a mídia fez sobre os fatos. Todas as apostas na queda dele eram irreais. Mas depois eu percebi que realmente o livro estava correto na sua narrativa. O coronel parece que nunca vai cair, ele está mais firme do que nunca. Sarney é sem dúvida o honorável dos honoráveis.

O coronelismo está em extinção?

Sarney é um sobrevivente de uma geração, mas ele não é para sempre. Certamente seus seguidores continuaram a adotar a cartilha do mestre. Ele é um novelo de mentiras, vai envolvendo todo mundo. Neste livro o leitor vai saber como o poderoso consegue manipular tanta gente. Ele é o cara que as pessoas dão como morto, mas depois aparece como aquelas almas mal-assombradas num cemitério. Ele é o mais arguto, o mais habilidoso dos animais políticos em cena no país. Quem não enxerga isso será sempre enrolado pelo Sarney. Agora ele tem que estar vivo e atuante para eleger o Fernando Sarney – o cérebro financeiro da família – e dar-lhe imunidade parlamentar A verdade é que os filhos dependem dele.

Como será a política brasileira depois da era Sarney?

Os seguidores estão espalhados. Vai continuar de uma forma mais baixa, sem coronel mas com os métodos que o consagraram. O Sarney é um caro temido, ninguém o ama. O ACM era um cara estimado por parte da população baiana. O Sarney é temido. O sarneismo sem Sarney será pior ainda. De hora em hora, Deus piora. Lula é refém dele. Há quem diga que Lula governa, mas quem manda é o Sarney.


Você acredita na reforma política?

Não há interesse dos políticos para que isso ocorra, ou seja, sempre ficará a mesma coisa. As velhas lideranças estão desgastadas e o eleitorado não acredita em mais ninguém. O cinismo tomou conta da classe política e da própria população. A tarefa que resta para o jornalista é continuar contando. Os quadros políticos são pavorosos. Basta olhar as lideranças políticas para perder qualquer esperança. Cito: Collor é fiscal do PAC; Almeida Lima é fiscal do Orçamento da União; Wellington Salgado faz parte da Comissão de Constituição e Justiça.




Você conhece o Sarney?

Só vi o Sarney de perto uma vez na vida, na sabatina da “Folha de S. Paulo” em agosto de 2008, perto de estourarem os escândalos contra o Fernando Sarney. Tinha pouquíssima gente, uma mesa formada pelos principais jornalistas da “Folha”, mediada pelo Clóvis Rossi que abriu o papo dizendo que os brasileiros tinham uma relação de amor e ódio com o Sarney.

Mas quem ama José Sarney?

Só a dona Marly.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Apimente você também

Artigos recentes