03 novembro 2009

Roma a.c. = Brasil Hoje? Celebridades são humanos?




Olá, leitores do Pimentas.

Recentemente assisti a uma entrevista com a cantora, compositora e macho pacaralho Angela Ro-Ro. E achei interessante.

Com 56 quilos a menos e tendo superado diversos males (drogas, álcool, os anos 90, etc.) ela fez ponderações muito pertinentes a respeito da importância da "loucura" em nossas vidas, e principalmente sobre a era em que vivemos, de culto à estupidez das "celebridades". Os quase 60 anos de vida e 30 de carreira realmente trouxeram um discernimento digno de aplausos. (outro "cara" que tem falado super bem em todas as entrevistas que faz é o Frejat, mas sobre ele a gente fala outra hora, em outro post).

A cantora fez um paralelo com o que era considerado "arte" e "entretenimento", por exemplo, na Roma antiga, na Idade Média, quando o delírio das massas vinha do êxtase em acompanhar ao vivo escravos e soldados sendo dilacerados por leões, tigres ou pelos próprios 'coleguinhas' de arena. A violência gutural, gratuita, na cara, causava furor e alegria entre as classes mais humildes e até mesmo entre a elite da época. Corpos sendo desmembrados e cabeças decapitadas eram considerados "rotina". E provavelmente exigiam mais nível intelectual do que acompanhar o Superpop, por exemplo.



Aí veio a parte mais interessante do comentário da Ângela: "Artista é assim até hoje. Nasce e vive para o escárnio, a humilhação e a super-exposição ao público. Só que atualmente, em vez da gente delirar com gente sendo morta, ficamos obcecados por qualquer vexame público, declaração polêmica, falha, erro, qualquer coisa que mostre o artista como um ser 'fodido', vulnerável e falível, ou seja, humano".

É, o gosto das massas evoluiu pouco. Em vez de ver sangue jorrando, já ficamos malucos com os corpos nus das "beldades" e todas as ações rotineiras que elas exercem. Existe coisa mais deprimente (e até certo ponto, até engraçada) do que ver, por exemplo, as câmeras do TV FAMA acompanharem o Lázaro Ramos entrar numa farmácia e sair com um remédio na mão, ao som da trilha sonora de "Missão Impossível"?

Ou qualquer outro artista global, passeando tranquilamente ao som de uma música de ação, suspense ou mistério? É algo tão estapafúrdio quanto a narração acéfala que acompanha a "ação": "Será que ele saiu da farmácia com um pacote de preservativos para estrear com sua nova amada? Ou só estava com uma dor de cabeça leve? Nós ficamos aqui na expectativa e na torcida pelo grande Lázaro Ramos!". Ah, tenha dó!

Eu acharia isso mais absurdo ainda, se não olhasse o outro lado da questão. Porque assim como acontece em Hollywood, muitos agentes e empresários ligam para os papparazzi para avisar onde o ator ou a atriz estão indo, garantindo portanto a dose diária de exposição de trivialidades e massagens no ego que toda "estrela" precisa.

Tome cuidado: assistir ao TV Fama - e ouvir a besta do Nelson Rubens falando "ok, ok!" é prejudicial à saúde mental. Faça o teste. Da próxima vez que assistir a este show de bizarrices inúteis, perceba como é possível sentir seus neurônios cometendo suicídio coletivo... E como logo em seguida você realmente se sente mais burro e respondendo "hã?" a tudo que falam com você. Nesta hora, a melhor medicação é mesmo colocar na TV Cultura, ler um horóscopo de jornal, quadrinhos, brincar de palavras-cruzadas... Qualquer coisa que ative os impulsos elétricos transmitidos pelos neurônios e te impeça de andar com a boca semi-aberta, babando por aí e falando "eu vi o Lázaro Ramos entrando na farmácia... Passou hoje na televisão... ". Dããã. Questionar a qualidade e a relevância do que é transmitido na tv aberta, de modo geral, faz a gente ficar um pouquinho mais evoluído em relação aos nossos amiguinhos de antigamente...

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