30 novembro 2009

(Des)Evolução da educação!

E ae povo do Pimentas, tudo tranquilo?

Educação já foi tratada diretamente no post em homenagem ao Dia do Professor, e nesse.

E irei repetir a mesma figura inicial, pois ela ainda é pertinente.



A ideia deste post veio quando recebi este texto por e-mail:
Relato de uma professora de Matemática. Realidade ou exagero?


Semana passada, entrei numa loja e comprei um produto que custou R$1,58.
Dei R$2 à balconista e peguei na minha bolsa 8 centavos, para evitar receber muitas moedas de troco.
A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.Tentei explicar que tinha de receber 50 centavos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar, e ela continuava sem entender...
Por que estou contando isso? Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:


1. Ensino de Matemática em 1950: (minhas professoras foram educadas nessa época, e me educaram desta forma)
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100. O custo de produção dessa lenha é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?


2. Ensino de Matemática em 1970:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100. O custo de produção dessa lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou R$80. Qual é o lucro?


3. Ensino de Matemática em 1980:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100. O custo de produção dessa lenha é R$80. Qual é o lucro?


4. Ensino de Matemática em 1990:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100. O custo de produção dessa lenha é R$80. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( ) R$ 20 ( ) R$40 ( ) R$60 ( ) R$80 ( ) R$100


5. Ensino de Matemática em 2000:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100. O custo de produção dessa lenha é R$80. O lucro é de R$20. Está certo?
( ) SIM ( ) NÃO


6. Ensino de Matemática em 2007:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por R$100. O custo de produção dessa lenha é R$80. Se você souber ler, coloque um "x" no R$20.
( ) R$20 ( ) R$40 ( ) R$60 ( ) R$80 ( ) R$100


Desde a leitura do mesmo andei refletindo sobre esta causa toda. Raciocinei, me questionei e meditei sobre a seguinte questão: Até que ponto esse relato é condizente com a realidade?

Não tenho ideia e nem como rastrear para saber se esse relato era verdadeiro. Para dar mais veracidade ao texto reenviei cópias para um fórum de discussões e recebi a seguinte resposta, dada pela mãe do Rômulo, que trabalha com educação a mais de 20 anos:

É o retrato do ensino no nosso país.

Infelizmente, é isso que acontece: existem professores que, com a desculpa de ganhar pouco, ensinam pouco e o pouco que ensinam não prepara o aluno para o mercado de trabalho.

E muitos alunos, uma grande maioria, porque não conhecem nem procuram conhecer os modelos de ensino atuais, acham que basta "passar pela escola", sem deixar que escola entre neles.

Então, não dão a devida importância ao aprendizado e nem "sugam" dos professores aquilo que eles devem ter, que é o conhecimento que, diga-se de passagem, não é deles, é para passar adiante pela escolha da profissão que fizeram. É isso e muito mais.

Relembrei meus tempos de 1º Grau, sim, no meu tempo era este nome que ele tinha e durava apenas 8 anos, eu tinha muitos trabalhos, daqueles que realmente davam trabalho, tínhamos que ir às bibliotecas (a Internet se popularizou muito tempo depois), pesquisar em livros, fazer reuniões de grupos e tudo o mais, e já faz bastante tempo que eu não ouvia meus sobrinhos mencionarem esse tipo de coisa, e me surpreendi semana passada quando meu sobrinho de 12 anos falou sobre um.

O tão chato e incomodativo tema-de-casa, que ocupava minhas tardes e maus sábados, hoje são raridade. A maioria das crianças que eu conheço tem dificuldades de leitura, o que leva a dificuldades com as outras matérias visto que elas apenas decifram o código escrito, entretanto não entendem as ideias ali colocadas, não conseguem interpretar o que ali está escrito.

Testes já comprovam que a população, de um modo geral, são analfabetos funcionais, ou seja, leem porém não entendem. Estes testes normalmente são feitos com pessoas da minha geração, nascidos nos anos 80, e da anterior e já tem esses drásticos resultados, agora imaginem quando esta geração, a tal geração Z, começar a fazer parte das estatísticas? Em estudos da Unesco, o Brasil ficou em 52ª posição em Ciências e 53ª posição em Matemática, num conjunto de 57 países.

Pedi apoio da Redação para saber dos sistemas adotados similares a Progressão, que foi usado em Porto Alegre no final dos anos 90. O sistema funcionava da seguinte forma, o aluno que "rodava" em algumas disciplinas era aprovado, mas mantinha dependência nas mesmas, e essas dependências se arrastavam por anos, podendo chegar até o período da formatura. Vi muitos amigos migrarem da rede estadual para a municipal a fim de obter o diploma mais facilmente, e conseguiram.

Retrato da evasão escolar: evadem-se alunos ou conteúdo.


Este sistema foi adotado pelo estado de São Paulo, durante o governo de Covas, e gerou muitas discussões, incluindo grandes nomes da Pedagogia. O sistema foi adotado com a intenção de diminuir a evasão escolar, pois os alunos desmotivavam-se por terem de cursar todas as matérias novamente mesmo não tendo atingido os objetivos em apenas uma matéria. O objetivo foi alcançado, os índices de evasão caíram levando consigo a qualidade do ensino.

Li também a integra do discurso da Deputada Federal Raquel Teixeira, dado em julho deste ano, e recomendo a leitura, apesar da extensão do texto.

Tenho um grande medo pelo futuro. Os rumos que a educação tem tido não me inspiram boas ideias. Não sou ligado a Pedagogia, mas pelo que li e pelo que vi, fomos do extremo do Proibicionismo, dos anos 60 e 70 e viemos para no Permissionismo dos tempos atuais, tendo os anos 80 e 90 como transição. Torço para que cheguemos em um ponto intermediário desse sistema, em que as crianças tenham limites e que, simultâneamente, aprendem a decidir, aprendam a raciocinar e tomas decisões. O que o pessoal da Pedagogia me diz?

Só no cabresto!!


Antigamente, o voto de cabresto era exercido pela força bruta dos Coronéis do nordeste. Hoje ele é exercido através da ignorância da população.

3 comentários:

  1. Pois é Cesar, hoje as escolas particulares têm metas e os professores são orientados e "não podem" reprovar para mantê-las. Isso tudo usando a desculpa de manter a qualidade.
    Por saber que não poderia esperar muito das escolas, aqui em casa, eu brincava de cálculo mental com meu filho desde os seus 2 anos de idade, evitei televisão o máximo que pude e nunca tive rádio, assim ele ouviu apenas música de verdade. O resultado foi muito bom.

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  2. Mário Covas (que, creio, tinha raiva da mãe que fôra professora)levou a educação paulista para junto de seu sobrenome. Os governadores seguintes continuaram a enterrá-la.
    E tem muito brasileiro cuja tara é o bico dos tucanos.
    {8¬)

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  3. Sou professora e vejo que a maioria dos colegas não estão nem aí para os alunos... esqueceram-se de que se existe professor é pq existem alunos!
    Os sindicatos, por sua vez, lutam apenas por salários - como se merecêssemos ganhar melhor com os índices atuais de Pisa e etc - e por um lugarzinho no governo do Lula... que, por sua vez, estimula a ignorância e a vagabundagem por meio do bolsa-família.
    Enquanto não for implantada a meritocracia na educação, sinto muito, mas vai piorar cada vez mais. Lugar de mau professor é na rua!!!

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